O Papa Bento XVI recebeu na manhã do
sábado, 22 de setembro, na Sala dos Suíços, na residência Apostólica de
Castel Gandolfo os 110 participantes do encontro do Comitê Executivo da
Internacional Democracia-Cristã. Na ocasião, ele afirmou que é no
espírito de confiança e sem desânimo que o compromisso civil e político
pode receber novo estímulo e impulso na busca de um sólido fundamento
ético.
No seu discurso o Papa recordou que se passaram 5 anos do último
encontro e neste tempo o compromisso dos cristãos na sociedade continuou
a ser vivaz fermento para melhorar as relações humanas e condições de
vida. Este compromisso não deve conhecer flexões ou limites, mas ao
contrário deve ser ampliado com renovada vitalidade, levando em
consideração, em certos casos, o agravamento dos problemas que
enfrentamos.
Destaque cada vez mais crescente – disse o Papa - assume a atual
situação econômica, cuja complexidade e gravidade justamente preocupa,
mas diante da qual o cristão é chamado a agir e a se exprimir com
espírito profético, capaz de colher nas mudanças em andamento a
incessante e misteriosa presença de Deus na história, assumindo assim
com realismo, confiança e esperança as novas emergentes
responsabilidades. “A crise obriga-nos a projetar de novo o nosso
caminho, a impor-nos novas regras e a encontrar novas formas de
compromisso, tornando-se assim uma oportunidade de discernimento e de
novo planejamento”.
É neste espírito, com confiança e sem desânimo – disse Bento XVI - que o
compromisso civil e político pode receber novo estímulo e impulso na
busca de um sólido fundamento ético, cuja ausência no campo econômico
contribuiu para a atual crise financeira global. A contribuição política
e institucional que os senhores dão não poderá, portanto, limitar-se a
responder às necessidades urgentes de uma lógica de mercado, mas deve
continuar a assumir como central e essencial a busca do bem comum, como
também a promoção e proteção da inalienável dignidade da pessoa humana.
Em seguida o Papa afirmou que, infelizmente são muitas e rumorosas as
ofertas de respostas imediatas, superficiais e de breve respiro às
necessidades mais fundamentais e profundas da pessoa.
Os âmbitos nos quais se exercita este decisivo discernimento são
precisamente os concernentes aos interesses mais vitais e delicados da
pessoa, ali onde se fazem as escolhas fundamentais inerentes ao sentido
da vida e busca da felicidade. Tais âmbitos, por sua vez, não são
separados, mas profundamente ligados, e exite entre eles um contínuo
respeito da dignidade transcendente da pessoa humana, enraizada no seu
ser imagem do Criador e fim último de toda justiça social autenticamente
humana.
O respeito pela vida em todas as suas fases, desde a concepção ao fim
natural – com consequente rejeição do aborto procurado, da eutanásia e
de toda prática eugenética – é um compromisso que se entrelaça de fato
com o do respeito pelo matrimônio, como união indissolúvel entre um
homem e uma mulher e como fundamento da comunidade de vida familiar.
É na família, “fundada no matrimônio e aberta à vida”, que a pessoa
experimenta a partilha, o respeito e o amor gratuito, recebendo ao mesmo
tempo – da criança enferma, ao ancião – a solidariedade que necessita. E
é ainda a família que constitui o principal e mais incisivo lugar
educativo da pessoa, através dos pais que se colocam ao serviço dos
filhos para ajudá-los a crescer da melhor forma possível. A família,
célula originária da sociedade, é portanto raiz que alimenta não só cada
pessoa, mas também as bases da convivência social.
E o Papa adverte: um autêntico progresso da sociedade humana não poderá
deixar de lado políticas de tutela e promoção do matrimônio e da
comunidade, políticas que cabem não só aos Estados mas também à
Comunidade Internacional, para inverter a tendência de um crescente
isolamento da pessoa, fonte de sofrimento e de insensibilidade seja para
o indivíduo seja para a própria comunidade.
O Papa chamou ainda a atenção para o fato de que “se é verdade que a
defesa e a promoção da dingidade da pessoa humana são responsáveis os
homens e mulheres de qualquer conjunta da história”, é também verdade
que tal responsabilidade concerne de modo particular àqueles que são
chamados a desempenhar um papel de representação. Eles, se animados pela
fé, devem ser “capazes de transmitir às gerações futuras razões de vida
e de esperança”.
Da CNBB
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