Boa Tarde meus amigos. Deus abençoe a todos. Hoje é domingo, dia do Senhor. Hoje é dia de São Sebastião. Mais de 150 cidades do Brasil tem este santo como padroeiro principal e
350 paróquias a ele dedicadas. Você conhece São Sebastião, sua vida,
sua história, por quê ele é tão popular assim? Não? Então, dedique um
tempinho hoje e leia esta história:
SÃO SEBASTIÃO - UM BATALHADOR DA FÉ
Nesta novena procuraremos responder a pergunta: "Mas quem foi mesmo São
Sebastião?" E ainda: "O que ele tem a dizer a nós cristãos do Novo
Milênio?" Refletindo bem, iremos perceber que a vida deste santo poderia
ter se passado ontem ou hoje mesmo, aqui, no nosso Brasil ou até em
nossa comunidade. Com efeito, e uma nota característica da Igreja, em
todos os tempos, ser perseguida e sofrer o martírio. Nos dias atuais
esta realidade se faz presente de maneira bem acentuada. Quem decide
viver a fundo a opoção preferencial pelos pobres, deve estar disposto a
"perder a sua vida"por causa do Evangelho.
VAMOS REFLETIR JUNTOS:
Começando a nossa reflexão, podemos dizer que não existe católico que
não tenha ouvido falar, ao menos uma vez, a respeito de São Sebastião.
De fato, o nosso santo padroeiro foi um cristão que se tornou famoso por
sua valentia e coragem, nos primeiros tempos da Igreja. Nasceu em
Narbona, uma cidade perdida no imenso império romano, que então dominava
o mundo. Hoje ela ainda existe. Encontra-se no sul da França, que
naquela época fazia parte da província das Gálias.
ENTREMOS NA NARRATIVA:
Diz a história que, quando Sebastião era ainda pequeno, sua família
mudou-se para a cidade de Milão, bem mais próxima de Roma, que era a
capital do Império. Ali morreu o seu pai, ficando o menino entregue aos
cuidados maternos. A sua mãe era cristã, e isto não era tão comum
naquela época, lá pelo ano 284. Os cristãos eram perseguidos como
inimigos do Estado pelo fato de não adorarem aos deuses pagãos. Todos os
que adotassem essa nova religião seriam aprisionados e lhes eram
confiscados os seus bens.
Daí então, a mãe de Sebastião, sendo
cristã, transmitiu ao filho o dom da fé cristã. Fé vivia e verdadeira
que nos compromete em tudo e sempre. Assim começa a história de um
santo, início de uma vida como de qualquer vida.
A PERSEGUIÇÃO
Faz muito tempo que Sebastião viveu; tantos séculos atrás, no alvorecer
da era cristã. Por causa de sua vida, em conflito com a dos demais, em
Roma, os cristãos começaram a ser perseguidos e Sebastião tomou uma
decisão importante: iria para Roma e tentaria ajudar os cristãos de lá,
confiando na sua fé e no prestígio que gozava como soldado fiel e
corajoso.
Agora é que começa a segunda parte da vida do jovem
oficial do império. Estamos no ano 303. Desde o ano 63, quando Nero era
imperador romano, os cristãos foram quase, ininterruptamente,
perseguidos. De tempos em tempos, um imperador declarava o extermínio
sumário dos cristãos. Cada um deles decretava uma perseguição mais feroz
do que outra. A perseguição, a que nos referimos, iniciou-se
precisamente no dia 23 de fevereiro de 303 e foi ordenada pelo imperador
Diocleciano com o seguinte decreto:
"Sejam invadidas e
demolidas todas as Igrejas! Sejam aprisionados todos os cristãos!
Corte-se a cabeça de quem se reunir para celebrar o culto! Sejam
torturados os suspeitos de serem cristãos! Queimem-se os livros sagrados
em praça pública! Os bens da Igreja sejam confiscados e vendidos em
leilão!"
Por três anos e meio correu muito sangue e não houve paz para os inocentes cristãos!
Sebastião, logo que chegou a Roma, foi promovido a oficial. O imperador
cativado pela fibra e personalidade deste jovem o nomeou comandante dos
pretorianos, seus guardas-pessoais. Um alto cargo, sem dúvida.
Cargo de confiança e de influência. No exercício deste ofício, porém,
Sebastião estava exposto aos perigos da corte. Sua vida talvez não
corresse perigo, mas sua fé poderia ser abalada e suas convicções
transformadas.
A corte era um resumo de todos os vícios e
depravações existentes no Império. O próprio imperador Diocleciano,
filho de escravos, conseguiu o poder às custas de assassinatos. Era de
uma avareza que se tornou proverbial. Os tributos, que explorando o
povo, o levaram, em pouco tempo, à extrema miséria.
Nesta vida,
dois são os caminhos a seguir e que conduzem a lugares diferentes:
existem caminhos fáceis, largos... que levam à perdição e existem
caminhos ásperos, estreitos, íngremes... que levam à salvação.
Podemos imaginar a quantos perigos a fé de Sebastião esteve exposta. Não
é só de hoje que costumamos dizer: "O mundo está perdido!"
Para o cristão, qualquer tempo é tempo de provação e de tentação. Em
todo tempo, porém, é preciso perseverança na virtude da fé.
De
fato, é na hora da provação que a verdade aparece transparente. É nas
dificuldades que se prova até onde vai a nossa fé em que medida somos
capazes de entregar a vida por alguém. O viver, a fundo, o Evangelho, é
oferecer a própria vida, se isso for exigido. Durante esse
tempo de perseguição, Sebastião trabalhava na corte. Ocultava com muito
cuidado sua fé cristã, não com medo de morrer, mas para cumprir melhor o
seu papel: encorajar seus irmãos na fé e na perseverança, especialmente
os mais tímidos e vacilantes, merecendo, com isso, o título de "auxílio
dos cristãos". Assim sendo, muitos cristãos aprisionados e
temerosos de sua morte, após ouvirem Sebastião, sentiam-se revigorados e
destemidos, prontos a enfrentar a tortura e a morte por amor a Cristo.
Não mais os amedrontava o cárcere e a crueldade nos suplícios.
Entretanto, havia uma razão para explicar a força que sustentava os
cristãos em suas provações e essa força era o amor, seguido do
despreendimento, a fé e a esperança em Cristo ressuscitado. Sebastião
sabia perfeitamente de tudo isso e por esse motivo passava de cárcere em
cárcere, visitando e animando os irmãos a se manterem firmes na fé,
mostrando que na vida, os sofrimentos são passageiros e que o prêmio
reservado aos perseverantes na fé é eterno.
Sendo chefe da
guarda imperial, tinha livre acesso, de entradas e saídas, sem maiores
complicações. E muitos dos que ouviam suas palavras se convertiam. Foi
numa dessas visitas a presos que o carcereiro e sua mulher Zoe, alguns
parentes dos presos e demais funcionários da prisão, tiveram
oportunidade de ouvir suas comvincentes palavras.
Conta-se que
enquanto Sebastião falava, Zoe, que era muda, começou a falar. Diante
desse fato, ficaram maravilhados, o carcereiro e todos os presentes e
logo se dispuseram a aceitar a fé cristã, professada por Sebastião. Os
cristãos estavam presos, mas não a Palavra de Deus. A Palavra do Senhor,
de fato, não está acorrentada. Ela é Caminho, Verdade e Vida para todos
nós!
O caminho do cárcere era escuro, mas o cristão o alumiava
com a sua fé; o lugar era frio, mas ele o aquecia com suas preces
fervorosas e cantos inspirados. Apesar das correntes, estava, pelo poder
de Deus, livre para Ele. Na pressão esperava a sentença de um juiz,
contudo sabia que estava com Deus e Ele julgaria os mesmos juízes. Mas enquanto alguns resolvem iniciar seu processo de conversão, outros
continuam tramando o mal. De fato, a perseguição sistemática do
imperador Diocleciano torna-se cada vez mais violenta, exigindo dos
cristãos, muita coragem e heroísmo. Aqui acontece um fato que
vem amenizar a vida dos perseguidos. O Prefeito da cidade de Roma,
Cromáceo, convertido ao cristianismo, demitiu-se do cargo e começou a
reunir, ocultamente, em sua casa, os recém-convertidos e, desta forma,
estes não eram molestados. Ele sabia que muitos não resistiriam ao
martírio, caso fossem presos. Então sugeriu que todos aqueles fossem
para longe de Roma. Ali estariam protegidos da feroz perseguição.
Seguiam, assim, o que Jesus havia sugerido no Evangelho: "Se vos
perseguirem numa cidade, fugí para outra!"
À medida que
aumentava a perseguição, os companheiros que Sebastião tinha instruído e
convertido à fé cristã, iam sendo descobertos, presos e mortos. A
primeira foi Zoe, esposa do carcereiro. Foi surpreendida e presa quando
rezava no túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo. Recusando prestar culto
aos deuses romanos, foi queimada e suas cinzas foram jogadas no rio
Tibre, em Roma.
O sacerdote Tranquilino, por sua vez, foi
apedrejado e seu corpo exposto ao ludíbrio popular. Ao resgatar os
corpos dos mártires, vários amigos de Sebastião foram descobertos e
presos. Entre eles se achavam: Cláudio, Nicostrato, Castor, Vitoriano e
Sinforiano. Durante dias, os inimigos da fé cristã pelejaram com eles
para que renegassem a fé, mas nada conseguiram. Por fim, o imperador
ordenou que fossem atirados ao mar. A perseverança é a palavra
chave, reveladora do segredo e do sucesso dos cristãos. Eles redobravam
suas orações e jejuns, pedindo a Deus que os fortalecesse para o
combate. Mantinham-se firmes na convicção de que é Deus quem dá a
perseverança e a vitória.
"Os magistrados que julgam as leis do
Império, aceitem todas as acusações que se façam contra os cristãos, e
nenhum apelo ou desculpa se admita na defesa dos réus!" Como se
vê, não havia absolutamente, direito de defesa... Os cristãos eram
acusados das coisas mais absurdas: de incendiar casas e cidades, de
comer carne humana, de querer tomar o poder e outras coisas
inacreditáveis...
Sebastião já não podia continuar ocultando
sua fé, por ter se tornado luz que ilumina a todos. E um dia alguém o
denunciou ao prefeito, por ser cristão. O imperador também foi
cientificado e recebeu todas as informações. Deixar Sebastião em
liberdade representava um grave "perigo" para a cidade inteira. Então,
mandou que o chamassem para ouvir dele próprio a confirmação.
Acuado e acusado de todos os lados, preparou-se o soldado cristão para
assumir a sua missão. Ainda podia fugir, podia voltar atrás, mas não o
fez: ficou firme em sua fé e assumiu o acontecimento iminente. Ele
anunciou o Reino de Deus, denunciou a inutilidade dos ídolos da
sociedade, suas injustiças e falsas ideologias, seus mitos e seus
pecados. Tinha se comprometido e, por isso, agora devia pagar o devido
preço. O cristão, para ser tal, deve se assemelhar a Jesus, o
servo de Javé. Sua missão é testemunhar a Palavra de Deus que é verdade,
direito, justiça, paz, fraternidade e amor. Este testemunho porém, tem
um preço, as vezes, muito alto: o cristão é marginalizado, rejeitado por
todos, até a morte.
Sebastião percebe, no entanto, que o
silêncio de Deus é somente o intervalo entre duas palavras fundamentais:
Morte e Ressurreição! Ele já está pronto para responder, com seu
sangue, às perguntas dos inimigos do bem e da verdade.
Revestido da cintilante couraça e ostentando todas as insígnias
merecidas, Sebastião se apresenta diante do imperador que o interroga.
Diante dos presentes estupefatos, confessa sua fé e diz resolutamente
ser cristão. O imperador logo o acusa de traidor. Sebastião lembra que
esta acusação é uma absurda mentira, pois até agora tem cumprido
fielmente seu dever para com a Pátria e o imperador, protegendo-lhe a
vida em muitas circunstâncias.
O imperador estava imaginando
uma forma original, diferente, de executar a sentença de morte que iria
pronunciar contra o seu mais fiel oficial. Mandou chamar o comandante
dos arqueiros de numídia, homem originário de uma região desértica da
África, onde a caça só era possível com as flechas e o incumbiu de
executar a sentença capital do oficial cristão.
O imperador
ordenou que amarrassem o soldado cristão a uma árvore, num bosque
dedicado ao deus Apolo. Que o crivassem de flechas, mas não atingissem
seus órgãos vitais, para que morresse lentamente. Assim foi feito! Com a
perda de sangue e a quantidade de feridas, Sebastião desmaiou, já era
tarde! Julgando-o morto, os flecheiros retiraram-se.
Alguns
cristãos que haviam preparado o necessário para o enterro, foram buscar o
corpo. Provavelmente subornaram os carrascos dando-lhes dinheiro para
conseguir o corpo do mártir. Qual não foi a surpresa daqueles cristãos,
quando perceberam que Sebastião respirava ainda. Estava vivo...
Levaram-no à casa da matrona Irene, esposa do mártir. Caustulo e, com
muito cuidado, foram curando-lhe as feridas.
Alguns dias se
passaram, Sebastião já havia se recuperado dos ferimentos e estava
disposto a ir até o fim. Não fora ele chamado "defensor da Igreja" pelo
próprio Papa? Se ele a tinha defendido antes, às ocultas, agora a
defenderia publicamente, para que todos pudessem escutar a defesa da
Igreja, ali reduzida ao silêncio. Chegou o dia 20 de janeiro.
Era o dia consagrado à divindade do imperador. Este saiu em grande
cortejo de seu palácio e dirigiu-se ao templo do deus Hércules, onde
seriam oferecidos os sacrifícios de costume. Estando coroado pelos
sacerdotes pagãos e pelos homens mais nobres do império, foi concedida
uma audiência pública. Quem desejasse pedir alguma graça ou apresentar
alguma queixa, poderia faze-lo nesta ocasião, diante do soberano.
Sebastião, com toda a dignidade que sempre o distinguiu e cheio do
Espírito Santo, apresentou-se diante do imperador e, destemidamente,
reprovou-lhe o comportamento em relação à Igreja. Reprovou-lhe as
injustiças, a falta de liberdade e a perseguição aos cristãos. O
imperador ficou estarrecido ao reconhecer naquela pálida figura, a
pessoa de seu antigo oficial que o julgava morto. Tomado de ódio,
ordenou aos guardas que o executassem ali, em sua presença e na presença
de todos. Ele mesmo queria ter a certeza de sua morte. Imediatamente, os guardas investiram contra ele, e o moeram de pancadas
com cassetetes e com os cabos de ferro de suas lanças, até que Sebastião
não deu mais sinal de vida. O imperador ordenou, então, que o cadáver
do oficial traidor fosse jogado no esgoto da cidade e, assim, seria
apagado, para sempre, a sua memória.
Sebastião, como todo
cristão, tinha esta firme convicção: se Cristo ressuscitou, todos nós
ressuscitaremos com Ele, pois, pelo Batismo, fomos incorporados ao seu
corpo glorioso. A morte já não é o fim, não é o ponto final e
definitivo. Ela foi superada, tornou-se apenas uma porta para a
verdadeira vida!
Neste caminhar, um mistério nos ultrapassa, a
saber participar da vida de Cristo, significa despojar-se de si mesmo e
aceitar cooperar com sua missão essencial de salvação, que passa pela
cruz e pela morte. Assim como nenhum cabelo de nossa cabeça cai sem que
Ele o permita, nenhum fato ou acontecimento escapa ao seu conhecimento.
Durante a noite, um grupo de cristãos foi até o local onde o corpo de
Sebastião tinha sido jogado. Os homens desceram à muralha que cercava o
canal, pelo qual corria o esgoto da cidade. Com o rio Tibre estava na
vazante, o corpo de Sebastião ficara preso a um ferro. Levado para a
catacumba, ali foi enterrado com todas as honras as honras e veneração
dos cristãos, aos quais ele tanto servira e amara.
São
Sebastião, por tudo aquilo que fez e enfrentou, é um santo muito
popular. É invocado como protetor contra a peste, a fome, a guerra e
todas as epidemias. Mas de onde vem esta devoção?
Entre os
antigos, as flechas, eram símbolos da peste pelas feridas cancerosas que
provocavam. Assim sendo, a piedade cristã, sabendo que em seu primeiro
martírio Sebastião havia sido sufocado por uma saraivada de flechas,
escolheu-o para ser protetor contra o flagelo da peste, epidemia
arrasadora, especialmente nos tempos passados, mas que ainda hoje é
bastante temível.
Mas foi no ano 680, quando uma grande peste
vitimara toda a Itália, que os fiéis recorreram a São Sebastião, fazendo
voto de erigir uma Igreja a ele dedicada, se a peste cessasse. E a
peste realmente cessou! Desde então, São Sebastião passou a ser invocado
contra a peste e suas irmãs a fome e a guerra.
Gostou da história? Uma história de fé e coragem, não é mesmo?
Um santo domingo para você.