O apóstolo nos
adverte de que como cristãos não nos podemos sujeitar aos poderes do
mal. Porque o resultado seria a morte espiritual. A moral cristã se
mantém distante do otimismo de Rousseau que, contra a mais simples das
observações afirma que todos os humanos são bons, até que a sociedade os
corrompa. A ética do cristianismo é a ética dos "pés no chão". Somos
capazes de grandes heroísmos, de dedicação, de altruísmos. Mas ao mesmo
tempo afundamos em vergonhosas injustiças, em crueldades indignas da
raça humana. Para superar as más tendências fazemos uso dos recursos da
educação. Esta permite burilar a pérola preciosa, através do
conhecimento de bons hábitos, de ideais. O ambiente familiar, e um bom
ambiente escolar levantam o ser humano para planos mais civilizados. Foi
por crer no potencial motivador da educação que desde cedo a Igreja se
interessou pela escola e pela universidade. Hoje ela o faz menos, porque
a maioria dos estados modernos sente prazer em dificultar seu trabalho,
colocando-a em arrocho financeiro.
Mas o segundo
recurso, usado pela Igreja, não goza da simpatia da opinião pública.
Trata-se do auxílio da graça divina. É que cremos que a graça divina
pode sublimar nossas tendências. Essa é a verdadeira transformação,
porque muda o ser humano por dentro. Olhamos para o paradigma de todo o
bem, que é a pessoa de Cristo. "Se alguém está em Cristo, é nova
criatura" (2Cor 5,18). Todos podem olhar. Jamais vamos encontrar dentre o
povo católico, que confessa os seus pecados, lê a Sagrada Escritura,
que comunga com fé, alguém que sequestra crianças, que põe fogo em
residências ou pratica atos de perversidade. Os benefícios trazidos pelo
auxílio divino são tão manifestos, para o futuro da humanidade, que
negá-los, quase chega a ser um pecado contra o Espírito Santo.
Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo emérito de Uberaba
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