segunda-feira, 19 de março de 2012

O GLORIOSO SÃO JOSÉ

 


Não obstante o recolhimento e a natural introspecção próprios do tempo quaresmal, a Santa Igreja abre um sublimíssimo parêntese em tempo tão austero para celebrar a santidade de José, a quem Deus concedeu a guarda dos seus mais preciosos tesouros: o Verbo encarnado e Maria Santíssima, sua Mãe.
Apesar das lacônicas menções bíblicas sobre tão excelsa figura, os Santos Padres enxergaram em José do Egito, cuja história pode ser conhecida no livro do Gênesis, entre os capítulos 37 a 48, uma prefiguração daquele que legou a Jesus a descendência davídica; e dos evangelhos canônicos mostrarem dele uma personalidade profunda e totalmente silenciosa, pois entra e sai da Escritura sem pronunciar uma palavra, ninguém jamais poderá negar a eloqüência admirável do seu testemunho e a largueza de sua justiça, virtude mor de sua pessoa, visto que justiça na Escritura identifica-se com santidade. Naturalmente, deveria brilhar sobremaneira em tal virtude aquele que, por eleição divina, tornar-se-ia na terra, o “pai do filho de Deus”.
Considerando a beleza desta vocação paternal de São José, para muito além de ser o pai terreno de Jesus está o fato admirável de São José ter sido com a Virgem Maria a primeira testemunha de todas as profecias e anseios messiânicos do Antigo Testamento. Disse no século XII o grande São Bernardo de Claraval: “José pôde ver com seus próprios olhos, segurar em seus braços e cobrir de beijos aquele que tantos reis e profetas desejaram ver e não viram jamais”. Estas palavras mostram como desde muito cedo, grandes homens como Bernardo e também mulheres como Santa Teresa d’Ávila, que viveu no século VXI e foi a grande difusora do culto josefino pela Europa, percebiam que a pessoa de São José teve presença indispensável na realização dos planos de Deus para a redenção do homem.
Igualmente, grandes teólogos e papas escreveram sobre o eminente patriarca e lhe enriqueceram com altos privilégios, como o Papa IX, que em 8 de dezembro de 1870, o declarou Patrono universal da Igreja. Seria impossível, portanto, elencar aqui o número admirável de personalidades histórico-teológicas que se ocuparam da figura cativante do esposo da Virgem, o número de igrejas, dioceses, paróquias, congregações religiosas, cidades e ainda o número admirável de pessoas que possuem, por nome batismal, o belo e forte José.
Na piedade e devoção do nosso querido povo, não haveria de ser diferente, o Carpinteiro de Nazaré, ao lado de Nossa Senhora é figura de primeira grandeza. Que o digam as procissões que em 19 próximo realizam-se por toda parte.
Tal manifestação está carregada de sentido teológico e espiritual, pois Igreja nesta terra é um povo imenso que avança em procissão à Cidade de Deus, a Jerusalém Celestial (Ap 7,1-12). Assim pois, as procissões têm um profundo significado de antecipar simbolicamente o mistério último da Igreja que é a peregrinação até o céu; peregrinação esta, que os santos, como José, já completaram e nos estimulam ao não desfalecimento em tão árduo caminho, como o foi outrora o caminho do povo de Deus nas Sagradas Escrituras onde encontramos momentos singulares nos quais se deram famosos cortejos. A marcha do êxodo foi a procissão por excelência. Lemos nos primeiros capítulos do livro dos Números como o próprio Deus ordenou o modo como se devia realizar tais séquitos. Merece lembrança especial a fuga da Sagrada Família para o Egito, em que o próprio São José empreendeu a procissão da obediência e da fidelidade aos planos de Deus (cf Mt 2, 13-23).
Diante de tanto valor simbólico e espiritual, devemos renovar os ânimos para bem viver as festas que se aproximar e fazer valer ainda mais a nossa devoção a São José pela imitação de suas virtudes. Este será o fruto mais excelente da mais verdadeira devoção.
Por fim, aproveitemos o tempo para fazer com que as festas vindouras sejam um profundo ato de agradecimento ao Senhor pela fé tão preciosa que nós herdamos e que sabe reconhecer o valor dos homens e mulheres escolhidos por Deus para realizarem em suas vidas a sua santíssima vontade. Estes jamais serão esquecidos como atesta a força sempre nova da Palavra do Senhor: “O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2, 17).

Glorioso São José, rogai por nós.

Pe Jailton - Diretor Espiritual do Seminario de São Pedro

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