domingo, 1 de setembro de 2013

22º Domingo do Tempo Comum / Ano C - 01/09/2013

PRIMEIRA LEITURA - Eclo 3,19-21.30-31

O texto hoje é do livro do Eclesiástico (a sigla é Eclo; cuidado para não confundir com Eclesiastes, cuja sigla é Ecl) ou Sirácida (em hebraico, Jesus Ben Sirac). O que temos hoje é uma tradução grega feita pelo neto do autor por volta do ano 132 a.C. Nesta época, a Palestina estava sob o domínio da Síria e havia um grande problema: os dominadores queriam a todo o custo impor a cultura, a religião e os costumes gregos. Muitos se entusiasmavam com a novidade, mas não estavam percebendo o perigo da destruição da identidade cultural e religiosa do povo.

O livro do Eclesiástico é uma reação a este imperialismo cultural. Procura insistir na fidelidade às tradições do povo de Deus e sua identidade própria. O capítulo 3o fala dos deveres para com os pais (vv. 1-16), a humildade (vv. 17-25); em seguida o autor medita sobre o orgulho (vv. 26-29) e termina com dois versículos sobre a caridade (30-31). Percebemos, portanto, uma clara contraposição entre a atitude orgulhosa e imponente dos dominadores e a atitude sadia e humilde dos dominados. É só aos humildes que Deus revela seus mistérios (v. 19). Grande e poderoso é só o Senhor. Fazer-se pequeno, sentir-se frágil, impotente e humilde é atitude correta e leal do ser humano. Esta atitude é fundamental para que o fiel possa reconhecer a grandeza de Deus e confiar nele. Os versículos finais mostram o valor da esmola para o perdão dos pecados e a retribuição dos favores para encontrar apoio nos momentos de queda.

A que nós cristãos devemos reagir hoje? Qual a cultura dominante? O que dizer da globalização, do relativismo, do subjetivismo, do hedonismo (cultura do prazer a todo custo) e tantos outros “ismos”?

SEGUNDA LEITURA - Hb 12, 18-19-22-24a

Neste texto percebemos claramente uma contraposição entre a antiga e a nova aliança. A antiga foi dada no monte Sinai através do fogo, nuvens, trevas, tempestades e som de trombeta. O ambiente não era acolhedor e aconchegante, mas terrível e aterrorizante. O povo até pedia que Deus parasse de lhe falar, pois seu modo de falar lhe causava medo. Este modo de experimentar Deus era amedrontador.

Mas a Nova Aliança acontece de um modo diferente. O povo vai experimentar um Deus próximo, amigo, solidário, íntimo. A Nova Aliança é selada através da morte e ressurreição de Jesus. Seu sangue é mais eloquente que o sangue de Abel (v. 24), quer dizer, o sangue derramado por Jesus é mais importante e traz mais resultado. Ele expia os nossos pecados, nos reconcilia com Deus e nos faz mais próximos dele. Na Antiga Aliança, o povo se aproximava do Monte Sinai no deserto. Na Nova Aliança, o povo se aproxima do Monte Sinai, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste. Quer dizer, na Nova Aliança, o céu desce até a terra na pessoa de Jesus, o Filho de Deus. Ao contrário do modo característico da Antiga Aliança, estamos num ambiente de festa na presença dos anjos e santos (v. 23). É claro que essa novidade não é uma porta para o descompromisso, mas uma chamada à responsabilidade humilde e servidora a exemplo do nosso mediador Jesus Cristo.

Você tem assumido as exigências da Nova Aliança? 

EVANGELHO - Lc 14,1.7-14

O ambiente

O v. 1º nos dá o ambiente do texto. É o dia de sábado. Para os judeus é um dia especial, como o nosso domingo. É um dia em que os judeus celebravam a vida, que é um dom de Deus para todo o mundo, pobres e ricos, pretos e brancos, sãos e aleijados. Jesus entra na casa de um fariseu importante, portanto, na casa de gente rica. Está para começar o banquete. Depois de curar um enfermo, mostrando que a vida é mais importante que a lei (do sábado), Jesus observa os convidados. Ele percebeu que os convidados eram pouco modestos. Eles, vaidosamente, escolhiam os primeiros lugares (v. 7).

A parábola

Jesus, então, lhes propõe uma parábola, com a qual ensina que ao ser convidado para uma festa de casamento a gente não deve escolher os primeiros lugares. Com esta vaidade, a gente corre o risco de ser humilhado ao chegar um convidado mais importante e a gente ter que ceder o lugar para ele. É bom escolher, humildemente, o último lugar, pois assim o que nos convidou pode dizer: “Amigo, sobe mais para cima”. Assim, a gente será honrado diante de todos. No v. 11 Jesus conclui: “Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. Nada mais claro. Jesus ensinava a humildade. Ele realmente é manso e humilde de coração, e, quando ele se pôs à mesa com seus discípulos, ele lavou os pés de todos e depois os serviu. Jesus veio para servir e não para ser servido. Um modo humilde de ser é a novidade de Jesus.

Nos vv. 12 a 14 Jesus se dirige diretamente a quem o convidou. Ele tinha percebido que os convidados eram gente importante. Então, Jesus disse para o seu anfitrião que, da próxima vez, ele deve convidar quem não o pode recompensar com outro convite. Ele deve convidar os pobres, entrevados, coxos e cegos. Uma vez que estes não podem pagá-lo, a recompensa ficará por conta de Deus, na ressurreição dos mortos. O Reino não é troca de favores, mas gratuidade absoluta, por isso Jesus propõe uma inversão de valores. Não é isso que lemos no Magnificat (Lc 1,51-53) como também na parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31)?

Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado. No dia do julgamento isto vai ficar claro para surpresa de todos nós.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Colunista do Portal Ecclesia.
Bispo de Caratinga (MG). Estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Especializado em Sagradas Escrituras e mestre em exegese bíblica e línguas orientais pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.
 

Da redação do Portal Ecclesia
 
 

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