quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Arcebispo de Natal tem dissertação aprovada no Mestrado em Ciências da Religião da Católica

Fotos: Carolina Nogueira

O Arcebisbo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, aluno do Mestrado em Ciências da Religião da Universidade Católica de Pernambuco, teve sua dissertação, “Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros: um arauto da dignidade humana no sertão potiguar”, aprovada. A defesa ocorreu na manhã do dia 06, no Anfiteatro do bloco G4 da Unicap.
O trabalho, orientado pelo professor Newton Cabral, trata da vida do Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros (1916 – 2000), um pastor católico que exerceu, simultaneamente, o ofício de sacerdote e o carisma de profeta do povo de Deus, no sertão potiguar. A pesquisa de ordem bibliográfica se deteve no estudo de fontes documentais, registros biográficos e autobiográficos. Teve como objetivo mostrar o enlace da missão espiritual e política na promoção da dignidade da pessoa humana. O estudo oportuniza compreender como é possível dispor a vocação a serviço dos que estão à margem da sociedade, em um contínuo exercício de inclusão social e religiosa, sem esquecer a racionalidade eclesiástica que combina fé e política. A luta contra a exploração que se realizava através da indústria da seca e a persistente busca pela resolução do problema da falta de água fez o Monsenhor Expedito ser um sinal de esperança e anunciador de um novo tempo.
A banca examinadora foi composta pelo orientador do trabalho, professor Newton Cabral; pelo coordenador do Mestrado e avaliador interno, professor Gilbraz Aragão; pelas avaliadoras externas, professoras Sylvana Maria Brandão de Aguiar e Emanuela Ribeiro, ambas da UFPE.
Após a aprovação, Dom Jaime Vieira Rocha falou sobre o que estava sentindo naquele momento. “O sentimento é de vitória e gratidão para com todas as pessoas que me incentivaram, me compreenderam nesta realidade. Imaginem, eu, como Bispo de uma cidade como Capina Grande (PB), já na reta final do curso, tendo sido transferido para Natal (RN), onde a responsabilidade aumentou mais ainda. Isso aconteceu em fevereiro deste ano. Veja como eu tive de me esforçar bastante. Sei que alguns professores, com toda razão, temiam que eu não concluísse esse mestrado e aqui estamos. Por isso, esse meu sentimento é de muita alegria, gratidão e, também, tendo a certeza de que esta minha atitude tem chamado atenção, incentivado ao clero mais jovem o gosto pelos estudos e pela reatualização. Estou com 65 anos e acho que nós devemos estar abertos a cada momento, não sermos petulantes, acharmos que já somos os donos da verdade, que não temos mais nada a aprender, nem receber dos outros e nem o que temos para partilhar. Isso foi para mim algo muito gratificante e agradeço realmente a Deus. A convivência aqui no ambiente universitário, na Unicap, no mundo acadêmico, foi realmente uma graça e sei que esse meu gesto tem servido muito como algo que chama atenção.”

O orientador da dissertação, professor Newton Cabral, falou da sensação de dever cumprido. “O trabalho versa sobre um sacerdote que eu cheguei a conhecer em minha infância e adolescência, lá no Rio Grande do Norte. Era uma pessoa que merecia, de fato, ter mais um estudo, porque já existe um outro registrado, para que não se perca a memória de uma pessoa que foi tão interessante. Nos anos 60, por exemplo, a Editora Vozes lançou uma coleção sobre renovação paroquial no Brasil e o primeiro volume sobre o assunto foi exatamente sobre São Paulo do Potengi (RN), onde o padre que foi estudado era o pároco. A sensação que fica é de dever cumprido. Mais um mestrando que conclui bem. Eu vejo Dom Jaime como um exemplo para muitos jovens, não só os nossos jovens mestrandos, inclusive os jovens padres da arquidiocese de onde ele é o Bispo, assim como, dos próprios seminaristas. Quando ele fala da necessidade de formação permanente, ele fala com muita pertinência, porque ele é um exemplo disso.”

Professor Gilbraz Aragão coordenador do Mestrado fala do orgulho de ter tido Dom Jaime como aluno do curso. “A presença de Dom Jaime com a defesa da dissertação dele hoje enche a gente de orgulho, não só porque é um Bispo, uma autoridade de uma religião, de uma igreja, mas também porque é um senhor, que já maduro, voltou às bancas escolares, dando exemplo para os seus seminaristas e cumpriu todos os requisitos exigidos de um estudante que está fazendo pós-graduação. Isso para a gente é, de fato, um evento extraordinário, porque a fé que é cultivada nas religiões nem sempre se faz acompanhar de uma reflexão racional, para que ela seja também razoável e aqui a gente tem um exemplo que serve para contagiar os mais jovens de que, como dizia Einstein: se a religião não tiver um pouco de ciência fica meio cega e, em contrapartida, se a ciência não tiver um pouco de religião fica manca.

O Pró-reitor Comunitário, Padre Lúcio Flávio Cirne, na ocasião representando o Reitor Padre Pedro Rubens, falou da importância do momento para a Unicap. “Dom Jaime, Arcebispo de Natal, que foi Bispo de Campina Grande, minha cidade natal, representa uma figura da Igreja e, para a Unicap, é expressiva essa presença. A gente está a serviço da sociedade, mas em sintonia com a Igreja. Dom Jaime, como aluno nosso, representa muito bem essa presença da Igreja de forma bem singular, Bispo e, ao mesmo tempo, aluno. Particularmente, o tema que ele defende na sua dissertação de Mestrado se refere a alguém que há anos já se preocupava com uma questão social de tremenda importância que é a questão das águas. Então, lá no interior do Rio Grande do Norte, um padre, no século passado,  já tinha essa dimensão social em seu apostolado. Um tema atual, pertinente e mostra como a Igreja está atenta a essas questões sociais.”
 
fonte: Unicap

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